Por Luís Varinha

Uma curiosa notícia agitou o meio cervejeiro nesta última semana: segundo o Egytptian Ministry of Antiquities, arqueólogos estadunidenses e egípcios descobriam uma cervejaria construída há cinco mil anos que, segundo o ministério, pode ser a “mais antiga cervejaria de alta produção do mundo”. Estudos apontam que a capacidade produtiva da cervejaria era de mais de 22 mil litros simultaneamente, uma verdadeira Ambev dos tempos antigos. 

A construção foi descoberta na região de Abidos, um cemitério localizado há cerca de 450 km do Cairo, local de culto a Osíris, um dos deuses  mais importantes do Egito Antigo. Foram encontradas oito unidades de produção de 20 metros de comprimento por 1,5 metros de largura, com centenas de potes de cerâmica, que teriam sido usados para a produção de cerveja durante o período do rei Narmer, cuja dinastia durou de 3.150 a.C. até 2.613 a.C. Portanto a “fábrica” teria aproximadamente cinco mil anos.

A cerveja fazia parte da dieta cotidiana dos faraós egípcios, sendo indicada inclusive para tratar de várias doenças. Era tão importante sua fabricação que os escribas possuíam hieróglifos específicos para se referir ao assunto, utilizados posteriormente pelos arqueólogos para traçar o mapa (desculpem-me, não resisti ao trocadilho) da cerveja no Egito antigo. Imagens encontradas nas paredes das tumbas demonstra que a cerveja era também importante para os mortos na pós-vida.

Esta notícia nos levou a outra curiosidade: qual seria a cervejaria mais antiga ainda em atividade? Trata-se da Weihenstephan, em atividade desde 1040. A história, porém começou mais de 300 anos antes, quando São Corbiniano e mais doze frades beneditinos fundaram um mosteiro em Nährgerg Hill, hoje chamada Freising. Em 768 os frades iniciaram uma plantação de lúpulo mas oficialmente começaram a fabricar cerveja somente em 1040. Nos 400 anos seguintes o mosteiro foi completamente queimado por quatro vezes, foi saqueado, suportou pragas e terremotos. Todas as vezes, porém, foi reconstruído e voltou a fabricar nosso líquido sagrado.

Em 1921 a cervejaria foi estatizada e passou a se chamar Bayerische Staatsbrauerei Weihenstephan (Cervejaria Bávara Estatal Weihenstephan). Desde então faz parte do programa de ensino da Universidade Técnica de Munique, uma das escolas cervejeiras mais conceituadas do mundo. Ainda assim, a Weihenstephan tem no seu cardápio cervejas de qualidade, premiadas recentemente em concursos.

 

Fontes:

https://www.weihenstephaner.de/en/our-brewery/history/

https://egymonuments.gov.eg/en

 

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